Soldados da cavalaria rondam as ruas de São Paulo durante a Revolução Constitucionalista de 1932
No dia 9 de julho, o estado de São Paulo comemora o aniversário do
Movimento Constitucionalista de 1932. A data representa um marco
importante na história do estado e do Brasil. O movimento exigiu que o
país tivesse uma Constituição e fosse mais democrático.
Na época, Getúlio Vargas ocupava a presidência da República devido a um
golpe de Estado, aplicado após sua derrota para o paulista Julio Prestes
nas eleições presidenciais de 1930. O período ficou conhecido como "A
Era Vargas". A Revolução Constitucionalista de 1932 representa o
inconformismo de São Paulo em relação à ditadura de Getúlio Vargas.
Podemos dizer que o Brasil teve quase uma guerra civil.
Uma das principais causas do conflito foi a ruptura da política do
café-com-leite - alternância de poder entre as elites de Minas Gerais e
São Paulo, que caracterizou a República Velha (1889-1930). Alijada do
poder, a classe dominante de São Paulo passou a exigir do governo
federal maior participação.
Como resposta, Getúlio Vargas não apenas se negou a dividir poder com os
paulistas como ameaçou reduzir seu poder dentro do próprio estado de
São Paulo, com a nomeação de um interventor não paulista para governar o
estado. Os paulistas não aceitaram as arbitrariedades de Getúlio
Vargas, o que levou ao conflito que opôs São Paulo ao resto do país.
Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o MMDC
Vários jovens morreram na luta pela constituição. Entre eles,
destacam-se quatro estudantes que representam a participação da
juventude no conflito: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o célebre
MMDC. O movimento marcou a vida de outros milhares de paulistanos e
brasileiros.
Governistas X constitucionalistas
No dia 9 de julho, o Brasil assistiu ao início de seu maior conflito
armado, e também a maior mobilização popular de sua história. Homens e
mulheres - estudantes, políticos, industriais- participaram da revolta
contra Getúlio e o governo provisório de São Paulo.
O desequilíbrio entre as forças governistas e constitucionalistas era
grande. O governo federal tinha o poder militar e os rebeldes contavam
apenas com a mobilização civil. As tropas paulistas lutaram praticamente
sozinhas contra o resto do país. As armas e alimentos eram fornecidos
pelo próprio estado, que mais tarde conseguiu o apoio do Mato Grosso.
Cerca de 135 mil homens aderiram à luta, que durou três meses e deixou
quase 900 soldados mortos no lado paulista - quase o dobro das perdas da
Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial.
Embora o movimento tenha nascido de reivindicações da elite paulista,
ele teve ampla participação popular. Um dos motivos foi a utilização dos
meios de comunicação de massa para mobilizar a população. Os jornais de
São Paulo faziam campanha pela revolução, assim como as emissoras de
rádio, que artingiam audiência bem maior.
Até hoje, a história da Revolução de 32 é mal contada. Ou, pelo menos, é
contada de duas formas. Há a versão dos governistas (getulistas) e a
dos revolucionários (constitucionalistas). Durante muito tempo, a versão
dos getulistas foi a mais disseminada nos livros escolares do país, mas
hoje, com uma maior participação dos professores na escolha do material
didático, a história também já é contada sob a ótica dos rebeldes.
A importância do movimento é incontestável. Seu principal resultado foi a
convocação da Assembléia Nacional Constituinte, dois anos mais tarde.
Mesmo assim, a Revolução de 32 continua como um dos fatos históricos do
país menos analisados, tanto no tocante às causas quanto em relação às
suas conseqüências. Os livros didáticos ainda trazem pouco sobre o tema.
Produzido por Alexandre Bigeli. Fonte: Portal UOL Educação.
In: http://filosofandoehistoriando.blogspot.com.br/2012/06/revolucao-constitucionalista-de-1932.html#more
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