Nelson Rockfeller, Jefferson Caffery, embaixador dos EUA no Brasil,
e Góes Monteiro, 1937/1945. S.l. (CPDOC/ GC foto 117)
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
O
DIP foi criado por decreto presidencial em dezembro de 1939, com o
objetivo de difundir a ideologia do Estado Novo junto às camadas
populares. Mas sua origem remontava a um período anterior. Em 1931 foi
criado o Departamento Oficial de Publicidade, e em 1934 o Departamento
de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC). Já no Estado Novo, no início de
1938, o DPDC transformou-se no Departamento Nacional de Propaganda
(DNP), que finalmente deu lugar ao DIP.
O
DIP possuía os setores de divulgação, radiodifusão, teatro, cinema,
turismo e imprensa. Cabia-lhe coordenar, orientar e centralizar a
propaganda interna e externa, fazer censura ao teatro, cinema e funções
esportivas e recreativas, organizar manifestações cívicas, festas
patrióticas, exposições, concertos, conferências, e dirigir o programa
de radiodifusão oficial do governo. Vários estados possuíam órgãos
filiados ao DIP, os chamados "Deips". Essa estrutura altamente
centralizada permitia ao governo exercer o controle da informação,
assegurando-lhe o domínio da vida cultural do país.
Na
imprensa, a uniformização das notícias era garantida pela Agência
Nacional. O DIP as distribuía gratuitamente ou como matéria
subvencionada, dificultando assim o trabalho das empresas particulares.
Contando com uma equipe numerosa e altamente qualificada, a Agência
Nacional praticamente monopolizava o noticiário.
Quanto
ao rádio, buscou-se difundir seu uso nas escolas e nos estabelecimentos
agrícolas e industriais, de modo a promover a cooperação entre a União,
os estados, os municípios e particulares. O programa oficial "Hora do
Brasil" era transmitido para todo o território nacional. Outra
realização do DIP foi o "Cinejornal Brasileiro", série de documentários
de curta metragem de exibição obrigatória antes das sessões de cinema.
No "Cinejornal" fazia-se a crônica cotidiana da política nacional,
recorrendo-se ao forte impacto dos recursos audiovisuais. Alguns filmes
eram exportados para países como a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.
Um
dos reflexos da guerra no Brasil foi uma campanha de penetração
cultural do governo norte-americano destinada a barrar a influência
alemã no país. O DIP colaborou nessa campanha, que marcou a presença do
Tio Sam no Brasil, apoiando e desenvolvendo projetos conjuntos com a
agência norte-americana criada para esse fim. Foi nesse contexto que
vieram ao Brasil artistas famosos como o cineasta Orson Welles, Walt
Disney e Nelson Rockefeller. Também foi instituída no DIP uma sessão de
intercâmbio cultural luso-brasileiro. Um dos frutos desse intercâmbio
foi a revista Brasília, publicada pelo Instituto de Estudos Brasileiros
da Universidade de Coimbra.
O
DIP costumava realizar concursos de monografias e reportagens sobre
temas nacionais. Foi através de seu setor de divulgação que se editaram
várias coleções como a Coleção Brasil, Vultos, datas e realizações e O
Brasil na guerra. Para divulgar essas obras foi criada uma rede de
bibliotecas em escolas, quartéis, hospitais e sindicatos. A
centralização informativa era apresentada como fator de modernidade e
justificada pelos princípios de agilidade,eficiência e racionalidade.
Devido
à importância de suas funções, o DIP acabou se transformando numa
espécie de "superministério". Cabia-lhe exercer a censura às diversões
públicas, antes de responsabilidade da Polícia Civil do Distrito
Federal. Também os serviços de publicidade e propaganda dos ministérios,
departamentos e órgãos da administração pública passaram à
responsabilidade do DIP.
Entre
1939 e 1942 o DIP esteve sob a direção de Lourival Fontes, que já
dirigira o DPDC e o DNP. Seus sucessores foram o major Coelho dos Reis,
de agosto de 1942 até julho de 1943, e o capitão Amilcar Dutra de
Menezes, que atuou até a extinção do DIP, em maio de 1945.
In: http://filosofandoehistoriando.blogspot.com.br/2011/10/educacao-cultura-e-propaganda-parte_7564.html
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