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domingo, 18 de dezembro de 2011

A Crise dos anos 20 e a Revolução de 1930

Nos anos vinte a sociedade brasileira viveu um período de grande efervescência e profundas transformações. Mergulhado numa crise cujos sintomas se manifestaram nos mais variados planos, o país experimentou uma fase de transição cujas rupturas mais drásticas se concretizariam a partir do movimento de 1930.
O ano de 1922, em especial, aglutinou uma sucessão de eventos que mudaram de forma significativa o panorama político e cultural brasileiro. A semana de Arte Moderna, a criação do Partido Comunista, o movimento tenentista  e a própria sucessão presidencial de 1922 foram indicadores importantes dos novos ventos que sopravam, colocando em questão os padrões culturais e políticos da Primeira República.
Do ponto de vista econômico, a década de vinte foi marcada por altos e baixos. Se nos primeiros anos o declínio dos preços internacionais do café gerou efeitos graves sobre o conjunto da economia brasileira, como a alta da inflação e uma crise fiscal sem precedentes, por outro também se verificou uma significativa expansão do setor cafeeiro e das atividades a ele vinculadas. Passados os primeiros momentos de dificuldades, o país conheceu um processo de crescimento expressivo que se manteve até a Grande Depressão em 1929.1 A diversificação da agricultura, um maior desenvolvimento das atividades industriais, a expansão de empresas já existentes e o surgimento de novos estabelecimentos ligados à indústria de base foram importantes sinais do processo de complexificação pelo qual passava a economia brasileira.
Junto com estas mudanças observadas no quadro econômico processava-se a ampliação dos setores urbanos com o crescimento das camadas médias, da classe trabalhadora e a diversificação de interesses no interior das próprias elites econômicas. Em seu conjunto estas transformações funcionariam como elementos de estímulo a alterações no quadro político vigente colocando em questionamento as bases do sistema oligárquico da Primeira República.
As disputas em torno da sucessão presidencial de1922 que abririam espaço para a formação da Reação Republicana podem ser tomadas como indicadores do esgotamento do modelo político vigente na Primeira República. O lançamento oficial desta chapa gerou, no entanto, discordâncias importantes no
seio das oligarquias regionais. Diferente das disputas eleitorais anteriores, onde o consenso em torno de um nome se fazia com relativa facilidade, neste momento vozes dissonantes emergiram para contestar a candidatura oficial.
Inconformadas com a imposição do candidato situacionista, as oligarquias dos estados de segunda grandeza (dissidentes) representados pelo Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul articularam um movimento que ficaria conhecido como Reação Republicana, lançando as candidaturas de Nilo Peçanha e J.J. Seabra à presidência e vice-presidência da República em convenção realizada em 24 de junho de 1921.
A despeito das diferentes práticas adotadas visando a ampliar as possibilidades de vitória da chapa da Reação Republicana, o desenrolar da campanha sucessória e a aproximação do pleito evidenciavam os limites dessas estratégias. A cooptação dos elementos dissidentes não era fácil de ser efetivada, e muitas adesões esperadas não se concretizaram. As práticas políticas vigentes na Primeira República, baseadas no compromisso coronelista, implicavam uma postura de reciprocidade em que cada parte
tinha algo a oferecer. No caso da Reação Republicana, poucos eram os trunfos que podiam ser usados para obter o apoio eleitoral dos oligarcas e coronéis do interior, já que a máquina federal não podia ser usada na distribuição de privilégios e favores. Por outro lado, a campanha eleitoral, por mais sucesso que obtivesse, não era capaz de definir o pleito. Ainda que sem abrir mão dessas iniciativas, tornava-se fundamental contar com alternativas mais eficazes: era preciso encontrar um novo parceiro político
capaz de antepor-se às oligarquias dominantes. Os militares eram o segmento ideal.Os conflitos entre os militares e o governo federal já haviam marcado vários momentos da política republicana. A posse de Epitácio Pessoa e a posterior escolha de civis para ocupar as pastas militares durante seu governo só fizeram acirrar as dificuldades (CARVALHO, 1982) O retorno de Hermes da Fonseca da Europa em novembro de 1920 recrudesceu os antagonismos, e sua eleição para presidente do Clube
Militar em 1921 abriu novas articulações em torno de seu nome, que chegou a ser cogitado para a sucessão presidencial. A não concretização de sua candidatura veio aumentar ainda mais a insatisfação dos militares, o que os tornava aliados em potencial das oligarquias dissidentes. De fato, desde o lançamento do manifesto da Reação Republicana no Rio de Janeiro ficaram claras as preocupações de obter uma aproximação com os militares, através da crítica à posição secundária que lhes vinha
sendo atribuída pelo governo federal. Também nos estados a campanha eleitoralprocurou a adesão e a  simpatia dos elementos militares distribuídos pelas várias regiões.
O ponto culminante desse processo de aproximação se deu com o episódio das chamadas "cartas falsas", supostamente enviadas por Bernardes a Raul Soares, contendo referências desrespeitosas aos militares. A publicação desses documentos pela folha Correio da Manhã visava claramente incompatibilizar o candidato situacionista com os militares e envolvê-los definitivamente na causa dissidente.
A despeito do clima de intensa agitação política que marcou os primeiros meses de 1922, as eleições presidenciais realizaram-se na data prevista, em 1o de março. Os resultados eleitorais, controlados pela máquina oficial, deram a vitória a Bernardes, com 466 mil votos, contra 317 mil de Nilo Peçanha (CARONE, 1971, p. 345) Mais uma vez o esquema eleitoral vigente na República Velha funcionou para garantir a posição do candidato oficial. Diferentemente dos pleitos anteriores, porém, não houve uma aceitação dos resultados eleitorais pela oposição. A Reação Republicana não reconheceu a derrota e, além de reivindicar a criação de um Tribunal de Honra que arbitrasse o processo eleitoral, desencadeou uma campanha visando de uma lado manter a mobilização popular, e de outro aprofundar o processo de acirramento dos ânimos militares.
As possibilidades de subversão da ordem e de intervenção militar tornavam-se por sua vez cada vez mais concretas. Ainda em meados de maio de 1922, Dantas Barreto, já suspeitando da crise que iria eclodir em Pernambuco, telegrafou a Nilo declarando: "Tribunal de Honra ou revolução." A rebelião eclodiu finalmente em 5 de julho e contou com a participação das guarnições de Campo Grande, Niterói e Distrito Federal.
Este levante militar, que ficou conhecido como Dezoito do Forte de Copacabana, é considerado a estréia dos tenentes no cenário nacional (PRESTES,1997, p.70).
A tentativa de revolta no entanto fracassou desde o começo, sendo logo sufocada pelas forças federais. O movimento não obteve a adesão de segmentos militares expressivos e as oligarquias dissidentes, que tanto haviam contribuído para acirrar os ânimos militares, não se dispuseram a um engajamento mais efetivo. Epitácio pediu imediatamente a decretação do estado de sítio no Estado do Rio e no Distrito Federal, e grande número de deputados dissidentes do Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco votaram a favor da medida, demonstrando um recuo das oligarquias e a desarticulação
completa da Reação Republicana. Nos meses seguintes, a repressão desencadeada pelo governo fortalecido de Epitácio determinou inúmeras prisões e instaurou vários processos.
O tenentismo recebeu esta denominação uma ve z que teve como principais figuras não a cúpula das forças armadas mas oficiais de nível intermediário do Exército – os tenentes e os capitães. O alto comando militar do Exército manteve-se alheio a uma ruptura pelas armas, assim como a Marinha. O  movimento, que tomou proporções nacionais, empolgou amplos setores da sociedade da época, desde segmentos oligárquicos dissidentes aos setores urbanos (camadas médias e a classe operária das
cidades).
O grande mal a ser combatido eram as oligarquias, já que segundo os tenentes, elas haviam transformado o país em “vinte feudos” cujos senhores eram escolhidos pela política dominante. Embora na época não chegassem a formular um programa antiliberal, e não obstante suas profundas contradições e seu vago nacionalismo, os tenentes identificavam-se com a defesa de propostas como a reforma da Constituição, a limitação da autonomia local, a moralização dos costumes políticos e a unificação da justiça e do ensino, assim como do regime eleitoral e do fisco (PRESTES, 1997, p. 97)
Meses após ter sido debelado o primeiro levante, em novembro de 1922, Arthur Bernardes tomou posse. Visando garantir a estabilidade de seu governo o presidente decretou o estado de sítio no Rio de Janeiro aprofundando o movimento de repressão.
Para homenagear o movimento de 1922, dois anos depois eclodiria o chamado 5 de julho em São Paulo. Em 1924, contudo, a articulação dos militares foi melhor preparada. O movimento tinha como objetivo a derrubada do governo de Arthur Bernardes, visto pelos tenentes como ícone das oligarquias dominantes. A ação do grupo foi iniciada com a tomada de alguns quartéis. Apesar dos tenentes conseguirem se instalar na capital paulista, com a ação repressiva do governo que não distinguia rebeldes dos civis os tenentes resolveram abandoná-la, deslocando-se para o interior de São Paulo onde também eclodiam revoltas. Fixando-se em seguida no oeste do Paraná as tropas vindas de São Paulo enfrentaram os legalistas à espera dos “tenentes” provenientes do Rio Grande do Sul, onde as revoltas tiveram à frente figuras como João Alberto e Luís Carlos Prestes e contaram com a oposição gaúcha PRR. Em abril de 1925 as duas forças se juntaram dando origem à Coluna Miguel Costa-Luís
Carlos Prestes.
Momento culminante das revoltas tenentistas e episódio mais importante da saga dos tenentes, a Coluna, organizada sem que um plano tivesse sido previamente traçado, com seus 1500 homens, percorreu cerca de 25 mil quilômetros, atravessando 13 estados brasileiros, propagando a revolução e o levante da população contra as oligarquias, até que seus remanescentes dirigiram-se para a Bolívia e para o Paraguai. Com o fim da Coluna Miguel Costa-Luís Carlos Prestes, estava eliminado o
último foco de contestação do regime.
O governo Washington Luís decorreu em clima de relativa estabilidade. Os confrontos que marcaram os primeiros anos da década de vinte pareciam estar contornados. Em 1929, iniciou-se um novo processo de sucessão presidencial. Tudo indicava que as regras que norteavam o funcionamento da política até então seriam mais uma vez cumpridas: as forças da situação, por meio do presidente da República, indicariam um candidato oficial, que deveria ser apoiado por todos os grupos
dominantes nos estados. Dessa vez, contudo, a cisão se processaria no cerne do próprio grupo dominante.
Washington Luís, resolvido a fazer seu sucessor, indicou Júlio Prestes, paulista como ele e então presidente do estado, como candidato oficial. Com isso, rompia-se o acordo tácito com Minas, que esperava ocupar a presidência da República. A divergência entre Minas e São Paulo abriu espaço para que outras disputas e pretensões, sufocadas num passado não muito distante, pudessem ressurgir. Nesse contexto, em julho de 1929, contando com o apoio mineiro, foi lançada a candidatura de
Getúlio Vargas, ex-Ministro da Fazenda de Washington Luís e então governador do Rio Grande do Sul, tendo como vice na chapa dissidente o governador da Paraíba, João Pessoa. Estava formada a Aliança Liberal, uma coligação de forças políticas e partidárias pró-Vargas. Sua base de sustentação era o situacionismo de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, e mais alguns grupos de oposição ao governo federal de vários estados, tais como o Partido Democrático (PD),16 criado em 1926 em São Paulo, e facções civis e militares descontentes. Com uma composição cuja característica mais
pronunciada era a heterogeneidade, a Aliança Liberal explicitava as dissidências existentes no interior das próprias oligarquias estaduais.
Sob o lema “Representação e Justiça,” sua plataforma estava voltada fundamentalmente para a regeneração política, o que implicava na luta pela reforma eleitoral, com a criação de uma justiça eleitoral, na defesa do voto secreto, da moralização dos costumes políticos e das liberdades individuais. Ao propugnarem pelo liberalismo, as oposições pretendiam tornar o sistema político mais representativo ao nível da classe dominante, integrando à mesma as frações da elite não representadas na estrutura de poder, além dos segmentos médios urbanos que se desenvolveram em função da expansão econômica (VIZENTINI, 1983, p.74). O programa propunha além das já mencionadas reformas políticas, a anistia para os revoltosos dos anos vinte e medidas de proteção ao trabalho como a aplicação da lei de férias e a regulamentação do trabalho de menores e o da mulher.
A acirrada disputa eleitoral foi agravada pela profunda crise econômica mundial provocada pela quebra, em outubro de 1929, da bolsa de Nova York. No final desse ano já havia centenas de fábricas falidas no Rio de Janeiro e em São Paulo, e mais de um milhão de desempregados em todo o país. A crise atingiu também as atividades agrícolas, especialmente a cafeicultura paulista, produzindo uma violenta queda dos preços do café e liquidando o programa de estabilização do governo que vinha sendo implementado.
As eleições se realizaram em março de 1930 e a vitória coube a Júlio Prestes, que recebeu cerca de um milhão de votos, contra 737 mil dados a Getúlio Vargas.
Passadas as eleições, setores da Aliança Liberal não conformados com a derrota, buscaram uma aproximação com lideranças do movimento tenentista que, embora derrotas, continuavam sendo uma força importante por sua experiência militar e seu prestígio.
Um acontecimento inesperado deu força à conspiração revolucionária. Em 26 de julho de 1930, o candidato a vice da Aliança Liberal, João Pessoa, foi assassinado em Recife. Embora as razões do crime tenham sido passionais e não políticas, ele foi transformado em mártir do movimento que se articulava. Nos meses seguintes, a conspiração recrudesceu com a adesão de importantes quadros do Exército. A conspiração acabou estourando em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, no
dia 3 de outubro de 1930. Em seguida, ela se alastrou para vários estados do Nordeste. Em todos esses locais, após algumas resistências, a situação pendeu para os revolucionário. Em 24 de outubro, os generais Tasso Fragoso, Mena Barreto e Leite de Castro e o almirante Isaías Noronha depuseram o então presidente Washington Luís, no Rio de Janeiro, e constituíram uma Junta Provisória de Governo. Essa Junta tentou permanecer no poder, mas a pressão das forças revolucionárias vindas do sul e das
manifestações populares obrigaram- na a entregar o governo do país a Getúlio Vargas, empossado na presidência da República em novembro de 1930.
A chegada de Vargas ao poder deu início a uma nova fase da história política brasileira.

Marieta de Moraes Ferreira
Surama Conde Sá Pinto

sábado, 10 de dezembro de 2011

A crise da República Velha ou Oligárquica (1919 – 1930)

  • Oligarquia: governo concentrado nas mãos de poucos que, em geral, agem em benefício de seus próprios interesses.

1.      Panorama

  •   Até 1919: predomínio das elites paulista e mineira sobre a vida política nacional (café-com-leite).
  • Década de 1920: mudanças significativas abriram espaço para o fortalecimento de novos grupos sociais e idéias. Os governos oligárquicos continuaram a priorizar a economia agroexportadora e deixavam de lado os interesses dos grupos surgidos no processo de industrialização e urbanização.
  •  Resultado: Revolução de 1930, movimento armado que colocou fim na hegemonia das oligarquias, mas não das estruturas oligárquicas de poder.

2.      Fatores que contribuíram para a crise da República Velha:

  •  O crescimento urbano: as classes urbanas que surgiram com a industrialização
·         Uma burguesia industrial (composta pelos ex-cafeicultores que passaram a ter duas fontes de renda), que queria uma menor dependência da indústria estrangeira e investimento na indústria nacional.
·         Operariado: maior parte de imigrantes que passa a se organizar para exigir leis trabalhistas do governo. Começam influenciados pelo anarquismo, mas em 1917 passam a ser, predominantemente, socialistas (porque passaram a enxergar o socialismo como uma ideologia que se concretiza quando vêem a Revolução Russa de 1917). Queriam melhores condições de vida e de trabalho.
·         Classes médias urbanas: ligadas ao setor de serviços e uma classe intelectual. Queriam uma política industrial, social e moralização da política a favor do voto secreto.

  • A fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB) – 1922
·         Influencia sobre o movimento operário.

  • A política de valorização do café: não atendia aos interesses das oligarquias dissidentes

3.      Movimentos das novas classes urbanas

  •  Politicamente: o movimento tenentista e a revolução de 1930
  •  Socialmente: o movimento operário
  • Artisticamente: o movimento modernista.

4.      Modernismo
           
Ø   Conjunto de movimentos de renovação cultural e artística, cujo ponto culminante foi a Semana de Arte Moderna (1922). Sentia-se necessidade de uma cultura nova e de um sentimento de nação. Queriam construir a identidade nacional, respeitando as diferenças regionais do país.

5.      Tenentismo

Ø  Movimento da jovem oficialidade brasileira de contestação às instituições da República Velha. Tinha caráter elitista. Acreditavam que o caminho para salvar a pátria era a tomada do poder.
Ø  Os tenentes se indispuseram com a alta oficialidade e acusaram a cúpula do Exército de estar a serviço das oligarquias dominantes.
Ø  Apesar da preocupação com a miséria popular, não acreditavam que o povo, despreparado, fosse capaz de lutar pelos próprios interesses. À frente da luta deveriam estar, portanto, os jovens oficiais.
Ø  Propostas: Voto secreto, acabando com o voto de cabresto, e que a Comissão Verificadora não manipulasse as eleições.
Estabilidade financeira, diminuindo a dívida externa do país.
Proteção do governo para todos os produtos nacionais, não só o café, mas também a indústria.

6.      Principais manifestações tenentistas

  •  Revolta do Forte de Copacabana (1922)
·         Foi a primeira manifestação armada tenentista. Travada na praia de Copacabana, marcou o fim do governo de Epitácio Pessoa. O objetivo era evitar a posse de Artur Bernardes. No confronto com as forças do governo, morreram 16 oficiais, sobrevivendo apenas os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes que, mais tarde, participariam de outros movimentos tenentistas. Esta revolta ficou conhecida como "Os 18 do Forte".


  •  Revolução paulista (1924)
·         No segundo aniversário da primeira revolta tenentista, explode, em São Paulo, outra manifestação armada dos tenentes. Os combates, violentos, provocaram a fuga do governador do Estado. O governo federal enviou tropas para auxiliar as forças do governo estadual, forçando os revoltosos a se retirarem para o interior e continuarem a luta. Em 1925, próximo da Foz do Iguaçú, no Paraná, os revoltosos engrossaram suas fileiras com outro exército revolucionário procedente do Rio Grande do Sul que lutava contra o governo de Artur Bernardes. Desse encontro, originou-se a Coluna Prestes.
  • Coluna Prestes (1925 – 1927)
·         Representou o ponto culminante da luta armada da jovem oficialidade. Teve como líder Luís Carlos Prestes. Percorreu cerca de 25 mil quilômetros de Sul a Norte. Tinha por objetivo conscientizar a população brasileira do perigo que representavam para o país as oligarquias dominantes. Propunha salvar o Brasil pela entrega do poder aos tenentes.

7.      Os governos, o país e a Revolução de 1930

  • 1919: política de valorização do café, empréstimos no exterior, aprofundamento da crise econômica. Capital norte-americano preponderante no Brasil.
  • 1922: presidente Artur Bernardes (mineiro) recorre à repressão para garantir a manutenção da ordem oligárquica. Governo marcado pelo surgimento do movimento tenentista.
  • 1926: Washington Luís presidente (paulista). A crise do 1929 (EUA) abala profundamente o final de seu governo. Situação piora quando Washington Luís se nega a apoiar o candidato mineiro que deveria sucedê-lo e opta pelo paulista Júlio Prestes. A idéia era garantir a continuidade da política de valorização do café. Ocorre o rompimento da alternância do poder entre mineiros e paulistas. A oposição se une na Aliança Liberal (oligarquias dissidentes de MG, RS e PB) e lança a candidatura de Getúlio Vargas com o paraibano João Pessoa para presidente e vice. Vitória de Julio Prestes por meio de fraudes, voto do cabresto. Descontentamento popular, assassinato de João Pessoa criam situação difícil para a elite cafeicultora dominante no poder.
  • 1930: a chamada Revolução de 1930 acontece. Revolta armada que levou à deposição do presidente Washington Luís. Poder entregue a Getúlio Vargas em novembro (um mês após). Inicia-se a chamada República Nova.

    sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

    EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPÉIA



    Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações ou Expansão Marítima ou Ultramarina Européia, que representou o avanço de navegações próximas ao litoral (mar fechado) para mar aberto. No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do Oriente. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do Oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais para poderem também lucrar com este interessante comércio. Outro fator importante que estimulou as navegações nesta época foi a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poderem obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois significaria novos fiéis. Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época (se quiser ver mais sobre isso, ler absolutismo e mercantilismo, assuntos visto no bimestre passado).
    Portugal foi o pioneiro nas navegações, no século XV, devido a uma série de condições encontradas no país: foi o primeiro a ter um governo centralizado nas mãos do rei; a grande experiência em navegações, principalmente da pesca de bacalhau, também ajudou; as caravelas, principal meio de transporte marítimo e comercial do período, eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações; o país contou com uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar; lá também houve a preocupação com os estudos náuticos, e os portugueses chegaram a criar até mesmo um centro de estudos: A Escola de Sagres. Além disso, Portugal contava com uma posição geográfica privilegiada.


    Navegar nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito arriscada, principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Era muito comum o medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como algo plano e, portanto, ao navegar para o "fim" a caravela poderia cair num grande abismo. Dentro deste contexto, planejar a viagem era de extrema importância. Os europeus contavam com alguns instrumentos de navegação como, por exemplo: a bússola, o astrolábio - este utilizava a localização dos astros como pontos de referência. Também era necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens. A conquista de Ceuta foi o marco inicial da expansão ultramarina portuguesa. A aventura portuguesa recebeu o nome de “Périplo Africano”, pois alcançou as Índias contornando a África no decorrer do século XV. À medida que descobriam novas regiões, criavam feitorias. Nelas, ficavam alguns homens encarregados de negociar com os nativos do local. Os portugueses queriam adquirir somente lucros. Em 1498, Vasco da Gama chegou à Calicute, nas Índias, e Portugal passou a deter o controle sobre o comércio das mercadorias orientais. Em 1500, Pedro Álvares Cabral, a serviço da Coroa portuguesa, chega à Calicute com a missão de estabelecer uma sólida relação comercial e política com os povos do Oriente – nesta viagem descobre o Brasil.

     



    A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência. O país só entrou na corrida ultramarina após o casamento dos Reis Católicos, que passaram a se esforçar por organizar um Estado centralizado – conseguido em 1492, após a expulsão dos árabes do território. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África , os espanhóis optaram por um outro caminho. O genovês (italiano) Cristovão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico (Ocidente) . Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido dos europeus.
    A expectativa de encontrar terras provocou conflitos entre Portugal e Espanha, que assinaram vários acordos: Toledo-Alcáçovas (1480), Bula Intercoetera (1493), Tordesilhas (1494). Países, como a França, não aceitaram as decisões do tratado. Segundo o rei francês, Francisco I, ele desconhecia o testamento deixado por Adão, no qual dividia o mundo entre estas duas nações.



    Conseqüências das grandes navegações: o principal eixo comercial se deslocou do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, as cidades italianas perderam o monopólio que desfrutavam desde a Baixa Idade Média, os monarcas ampliaram seus poderes, transformando-se em governantes absolutistas, dominação das civilizações asteca e inca pelos espanhóis, extermínio de grande parte da população nativa do continente americano, afluxo de metais preciosos.

    quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

    REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.



    A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
    Ao longo do processo, a era da agricultura foi superada, a máquina foi superando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos.
    Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente. O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos; decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas.


    ETAPAS DO MODO DE PRODUÇÃO

    1.Artesanato: forma mais simples de produção industrial. O artesão fazia tudo sozinho.
    2.Manufatura: caracteriza-se pela divisão de tarefas. Cada pessoa executa uma parte do trabalho, sendo que todas as operações essenciais eram feitas à mão com ajuda de ferramentas manuais.
    3.Mecanização: forma mais complexa de produção industrial. Consiste na utilização das máquinas em substituição às ferramentas e ao próprio trabalho do homem.

    1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1780 – 1850): restrita à Inglaterra
    • Revolução do carvão e ferro; 
    • Desenvolvimento do capitalismo industrial/ liberal; 
    • Liberdade de comércio e produção; 
    • Livre concorrência e livre iniciativa

    2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1850 – 1914): Europa, EUA, Japão

    • Revolução do aço e da eletricidade
    • Capitalismo monopolista;
    • Grandes monopólios.
    PIONEIRISMO INGLÊS:  Causas
    • Acumulação de capital
    • jazidas de carvão e ferro
    • Mão-de-obra abundante e disponível (cercamentos: liberação de mão-de-obra do campo para a cidade); 
    • Supremacia naval
    • Monarquia Parlamentar (Revolução Gloriosa)
    • Liberalismo político e econômico;Jazidas de carvão e ferro;
    • Inovações técnicas
    Obs.: No final da Idade Moderna (século XVIII), o termo burguesia passou a designar tanto os pequenos comerciantes e manufatureiros como os grandes empresários do comércio, os industriais e os banqueiros. No século XIX, burguesia passou a ser a classe dominante da ordem capitalista. Esse novo significado era usado para indicar os proprietários dos meios de produção: as máquinas, as fábricas, as matérias-primas. Para a burguesia concentrar mais capital em suas mãos, foi necessário o surgimento de outro grupo social, formado pelos operários (proletariado). Os operários só dispunham de sua própria força de trabalho como meio de sustento e ficavam sujeitos aos burgueses, que controlavam os empregos.
    MOVIMENTOS DE TRABALHADORES
    As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade. Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho.

    • Ludismo: destruição das máquinas, pelos trabalhadores, introduzidas na indústria fabril. Os trabalhadores acreditavam que as máquinas eram responsáveis pela sua miséria, exploração e desemprego.
    • Cartismo: movimento derivado da Carta do Povo, documento onde os trabalhadores reivindicavam, dentre outras coisas, redução de jornada de trabalho, sufrágio universal masculino, voto secreto e eleições anuais. Uma das principiais conseqüências desse movimento foi o surgimento das associações de trabalhadores que deram origem aos sindicatos modernos
      TEORIAS ECONÔMICAS E SOCIAIS

      •   Liberalismo econômico: doutrinas defensoras da sociedade industrial capitalista (Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus).
      • Socialismo (utópico, científico, cristão): doutrinas que propunham a superação das injustiças sociais da sociedade industrial (Karl Marx e Friedrich Engels).
      CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:
      • Utilização constante da máquina;
      • Divisão do trabalho;
      • Aumento de produção;
      • Crescimento da urbanização e despovoamento dos campos;
      • Ruína dos artesãos;
      • Surgimento de novas classes: Burguesia industrial e proletariado;
      • Expansão do colonialismo;
      • Evolução dos meios de transporte e das comunicações;
      • Expansão do capitalismo por toda Europa e suas colônias.