Dom Pedro I (1798-1834) foi o primeiro Imperador do Brasil. Foi Rei de Portugal.
Dom Pedro I (1798-1834) nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 12 de outubro
de 1798. Filho de Dom João VI e de Dona Carlota Joaquina de Bourbon.
Passou seus primeiros anos no Palácio de Queluz, cercado de governantas e
professores. Entre seus mestres estavam Dr. José Monteiro da Rocha,
ex-jesuíta, e frei Antônio de Nossa Senhora da Salete. Sabia falar
latim, francês e inglês.
No dia 29 de novembro de 1807, com a ameaça da invasão de Portugal pelas
tropas de Napoleão, a família real embarca para o Brasil, instalando-se
no Rio de Janeiro, em março de 1808, na Quinta da Boa Vista. Pedro era
um menino com apenas 9 anos, rebelde, fugia do castelo para brincar com
os garotos pobres do porto. Frei Antônio de Arrábida tornou-se seu
principal mestre e confessor. Tinha aulas de pintura e música, aprendeu a
compor e tocar pequenas peças. Dedicava-se também à equitação. Avesso
aos estudos preferia a vida ao ar livre no palácio de São Cristóvão e na
fazenda Santa Cruz.
Em março de 1816, com a morte de sua avó Dona Maria I, Dom João é
aclamado Rei de Portugal e Dom Pedro torna-se Príncipe Real e herdeiro
direto do trono, em virtude da morte do seu irmão mais velho, Antônio.
Depois de várias negociações diplomáticas, estava a caminho do Brasil a
Arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina, filha do imperador da Áustria.
Foi escolhida para esposa de Dom Pedro. Casam-se no dia 5 de novembro de
1817.
Com fama de aventureiro e boêmio, teve 13 filhos reconhecidos e mais
cinco naturais: sete com a primeira esposa, Dona Leopoldina, da qual
enviuvou em 1826; uma filha com a segunda esposa, a duquesa alemã Amélia
Augusta; cinco com a amante brasileira Domitila de Castro, a marquesa
de Santos; um com uma irmã de Domitila, Maria Benedita Bonfim, baronesa
de Sorocaba; um com a uruguaia Maria del Carmen García; um com cada
francesa Noémi Thierry e Clémence Saisset e um com uma monja portuguesa
Ana Augusta.
Em 1820 Portugal passava por grave crise política e social. A Revolução
Liberal do Porto se espalhou por todo pais. A constituição era a palavra
de ordem. Estava em jogo o destino do Reino Unido. A família real
retorna à Europa em 26 de abril de 1821, ficando D. Pedro como Príncipe
Regente do Brasil. A corte de Lisboa despachou então um decreto exigindo
que o Príncipe retornasse a Portugal e que o Brasil voltasse a condição
de colônia.
O decreto vindo da corte provocou grande desagrado popular. Um
abaixo-assinado com oito mil assinaturas foi levado a D. Pedro,
solicitando sua permanência no Brasil. No dia 9 de janeiro de 1822,
cedendo às pressões Dom Pedro declara: "Como é para o bem de todos e
felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico". O dia
do Fico era mais um rompimento com Portugal. A atitude de Dom Pedro
desagradou a Corte Portuguesa, que suspendeu o pagamento de seus
rendimentos. José Bonifácio foi escolhido para chefiar seu novo
ministério.
Com a popularidade cada vez mais em alta, quando viajava de Santos para a
capital paulista, recebeu uma correspondência de Portugal, comunicando
que fora rebaixado da condição de regente a mero delegado das cortes de
Lisboa. Descontente, ali mesmo, em 7 de setembro de 1822, junto ao
riacho do Ipiranga, o herdeiro de D. João VI, resolveu romper
definitivamente contra a autoridade paterna e declarou: "Independência
ou morte! Estamos separados de Portugal!".
De volta ao Rio de Janeiro, Dom Pedro foi proclamado Imperador
Constitucional do Brasil. A cerimônia teve lugar no Campo de Santana,
hoje praça da República. No dia 1 de dezembro, recebeu a Coroa Imperial.
Em 1823, a Assembleia Constituinte iniciou suas atividades. Dos noventa
deputados, muitos não compareciam. A redação da Carta Magna era lenta.
Insatisfeito, Dom Pedro dissolve a Constituinte, manda prender os irmãos
Bonifácio e cria um Conselho de Estado para redigir a Constituição, que
foi promulgada no dia 25 de março de 1824.
Em meio a dificuldades financeiras e várias e desgastantes rebeliões
localizadas, instalou a Câmara e o Senado vitalício em 1826, porém um
fato provocou desconforto geral e o seu declínio político no Brasil. Com
a morte de D. João VI, em 1826, decidiu contrariar as restrições da
constituição brasileira, que ele próprio aprovara, e assumir, como
herdeiro do trono português, o poder em Lisboa como Pedro IV, 27º rei de
Portugal.
Foi a Portugal e, constitucionalmente não podendo ficar com as duas
coroas, instalou no trono a filha primogênita, Maria da Glória, como
Maria II, de sete anos, e nomeou regente seu irmão, Dom Miguel. Porém
sua indecisão entre o Brasil e Portugal contribuiu para minar a
popularidade e, somando-se a isto o fracasso militar na Guerra da
Cisplatina (1825-1827).
Os constantes atritos com a assembleia, o seu relacionamento
extraconjugal (1822-1829) com Domitila de Castro Canto e Melo, a quem
fez Viscondessa e depois Marquesa de Santos, o constante declínio de seu
prestígio e a crise provocada pela dissolução do gabinete, após quase
nove anos como Imperador do Brasil, abdicou do trono, no dia 7 de abril
de 1831, em favor de seu filho Pedro, então com cinco anos de idade.
Voltando a Portugal, com o título de Duque de Bragança, assumiu a
liderança da luta para restituir à filha Maria da Glória o trono
português, que havia sido usurpado pelo irmão, Dom Miguel, travando uma
guerra civil que durou mais de dois anos. Inicialmente criou uma força
expedicionária nos Açores (1832), invadiu Portugal, derrotou o irmão e
restaurou o absolutismo.
Sabe-se, ainda, que o Imperador teve formação musical bastante esmerada,
tendo sido aluno de mestres como o Padre José Maurício Nunes Garcia,
Marcos Portugal e Sigismund Neukomm. Tocava clarineta, fagote e
violoncelo. Dele se conhece uma Abertura, executada no Teatro Italiano
de Paris (1832), um Credo, um Te Deum, o Hino da Carta, adotado
posteriormente como Hino Nacional Português (até 1910), e o Hino da
Independência do Brasil.
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel
Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e
Bourbon, morreu de tuberculose, no palácio de Queluz, no dia 27 de
setembro de 1834. Foi sepultado no Panteão de São Vicente de Fora, como
simples general e não como rei, como determinava seu testamento. No
sesquicentenário da independência do Brasil, em 1972, seus restos
mortais foram trazidos para a cripta do monumento do Ipiranga, em São
Paulo.
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