Temperatura nas alturas, cheiro de protetor solar, gosto de picolé, mate e biscoito de polvilho na boca. Guarda sol, cadeira, canga. Primeiro as brincadeiras, depois a galera. Para muita gente, verão é isso: praia.
Claro
que nem todo mundo gosta de ir à praia e que até há bons sujeitos entre
os que não gostam. Mas, em um país como o Brasil, com quilômetros e
quilômetros de praias lindíssimas, ir à praia no verão é algo quase
natural.
Engraçado que, se voltássemos uns duzentos anos no tempo,
ir à praia como nós vamos hoje não seria nada normal. Muito pelo
contrário: tomar banho de mar era muito estranho e usar biquíni ou
calção, ainda mais em público, nem pensar! É isto mesmo o que você deve
estar pensando: até o lazer tem história.
Esta nossa história
começa em 1810, pouco depois de a corte portuguesa chegar ao Rio de
Janeiro. Com a perna infeccionada por conta de uma picada de carrapato, o
rei dom João VI seguiu as recomendações médicas e tomou um belo banho
de mar –dentro de um barril, por medo dos caranguejos — e inaugurou
oficialmente a temporada da praia na cidade.
Naquela época, entrar
na água salgada para curar doenças era a última moda na Europa, desde
que as ideias do médico inglês John Floyer, publicadas no início do
século 18 no livro História do Banho Frio, se popularizaram entre os
médicos ingleses e franceses. Acreditava-se que o banho de mar curava
tudo, de doenças mentais a paralisia. Por que não curaria a perna do rei
de Portugal, exilado no Brasil?
Pois curou. O banho de mar
terapêutico logo virou mania na alta sociedade carioca, que pagava uma
fortuna para entrar na água do mar com todo o conforto e ter um lugar
para trocar e guardar as roupas.
In: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/quem-nao-gosta-de-praia/
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