In: http://imagohistoria.blogspot.com.br/2010/06/brasil-imperio-longa-agonia-da.html
O
processo de transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado
vai se prolongar por praticamente todo o século XIX, em uma longa
agonia.
Desde
1807 quando a Inglaterra proibiu o tráfico de escravos em suas
colônias, o Brasil vinha sendo pressionado pelos ingleses a adotar
medidas que minimizassem o prevalecimento da mão-de-obra escrava. Dentre
desse contexto, pode-se destacar:
- 1810 – Estabelecimento de áreas específicas na África para a busca de escravos.
- 1815 – Proibições do tráfico de escravos ao norte da linha do Equador (o que efetivamente não ocorreu)
- 1831 – Pressão britânica e suposto “fim do tráfico negreiro”, o que efetivamente não ocorreu, de tal forma que essa lei ficou conhecida como “lei para inglês ver”. Muitos liberais condenavam moralmente a escravidão no Brasil, mas ela era vista como um “mal necessário”, que deveria acabar gradual e muito lentamente.
- 1845 – Aprovação da Lei Bill Aberdeen, que considerava o tráfico negreiro um ato de pirataria e permitia que a marinha britânica aprisionasse navios negreiros e à Justiça britânica o direito de julgar quem infringisse a lei.
A
partir de 1850 os britânicos vão começar a perseguir os navios
negreiros. O governo brasileiro, em face da repressão e não disposto a
entrar em guerra com a poderosa Inglaterra, enfim, decreta a proibição
do tráfico de escravos, que vai ocorrer em 1850 (Lei Eusébio de
Queirós), prevendo castigos para os infratores e apreensão dos
indivíduos traficados.
Com
o fim do tráfico de escravos vai ocorrer o redimensionamento das forças
produtivas, com um intenso tráfico interno de escravos, que eram
deslocados das várias províncias para os grandes centros produtores de
café.
Com
a proibição do tráfico a tendência foi à gradativa elevação dos preços
dos escravos (já que no Brasil a escravidão era dependente da
importação, com baixíssimos índices de natalidade), tornando o custo da
mão-de-obra para as lavouras impraticáveis. A instituição da escravidão –
pela própria reprodução das lavouras cafeeira – estava condenada, mas o
seu fim seria marcado por uma longa e interminável agonia.
A
escravidão terminaria somente em 1888, contudo, ainda a partir de
segunda metade do século XIX, já tem início, a introdução da mão-de-obra
livre e assalariada, baseada nos imigrantes que começaram a chegar no
Brasil.
Deve-se
destacar que a visão e a finalidade da imigração não era a mesma para
os imigrantes e os grandes fazendeiros. Os imigrantes sonhavam em ter a
sua própria terra, contudo, os fazendeiros, por sua vez, preocupavam-se
exatamente com o oposto, ou seja, imigrantes que não tivessem condições
de obter sua própria terra, ficando obrigados a trabalhar nas grandes
lavouras, em especial na cultura cafeeira.
De
uma forma geral a imigração teve dois momentos distintos. Num primeiro
momento, a partir da década de 1840 foi implantado o sistema de
parceria. Neste caso, o fazendeiro era responsável por custear a viagem
dos imigrantes europeus que se alojavam nas fazendas onde receberiam uma
parcela de terra para o cultivo. Em contrapartida, os imigrantes
deveriam entregar metade da produção ao fazendeiro, além de pagar todos
os custos da viagem, a alimentação e ferramentas, a uma taxa de juros de
6% ao ano. Ainda, muitas vezes os colonos eram obrigados a comprar
mercadorias (a preços elevadíssimos) nas vendas que ficavam dentro na
própria fazenda, levando ao endividamento da família. No final das
contas restava ao imigrante muito pouco daquilo que havia produzido.
Além
de tudo isso, os imigrantes tinham péssimas condições de moradia e não
raro sofriam maus tratos e abusos. Eram obrigados, por exemplo, a pedir
permissão para poder se ausentar da fazenda ou receber convidados. Além
disso, na maioria das vezes o poder dos grandes fazendeiros impedia que
os colonos tivessem qualquer possibilidade de recorrer à justiça na
medida em que o poder econômico e os interesses privados prevaleciam em
relação ao poder público. Obviamente, a experiência de parceria foi um
grande fracasso, sendo abandonado na década de 1850.
Veja abaixo algumas ilustrações de Agostini, grande defensor da causa abolicionista.
Nas
duas imagens acima, Agostini procura destacar e sensibilizar a opinião
pública para os abusos que eram cometidos em relação aos escravos,
destacando os castigos físicos. Abaixo, colaca-se em evidência o
confronto entre ao abolicionistas e os escravocratas, que insistiam em
manter instituição da escravidão, já a décadas fadada ao inevitável
desaparecimento. Por último, uma imagem públicada no dia da abolição da
escravidão no Brasil, onde os negros agora livres, comemoram
entusiasticamente.
Acima
um exemplo da propaganda utilizada para promover a imigração para o
Brasil. Lê-se no cartaz: "Venham construir os seus sonhos com a
família. Um país de oportunidade. Clima tropical e abundância. Riquezas
minerais. No Brasil voces poderão ter o seu castelo. O governo dá
terras e utensílios a todos." A cartoon abaixo ilustra uma das inúmeras
dificuldades encontradas pelos imigrantes ao chegarem no Brasil.
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