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quinta-feira, 29 de março de 2012

A greve geral de 1917


A Greve Geral de 1917 é o nome pela qual ficou conhecida a paralisação geral da indústria e do comércio do Brasil, em Julho de 1917, como resultado da constituição de organizações operárias de inspiração anarcossindicalista aliada à imprensa libertária. Esta mobilização operária foi uma das mais abrangentes e longas da história do Brasil. O movimento operário mostrou como suas organizações (Sindicatos e Federações) podiam lutar e defender seus direitos de forma descentralizada e livre, mas de forte impacto na sociedade. Esta greve mostrou não só a capacidade de organização dos trabalhadores, mas também que uma greve geral era possível.Os grevistas lutavam por melhores condições de trabalho e por aumento de salário. Foram realizadas manifestações públicas, com a participação de mulheres e menores operários.  


 Detalhe para a participação de crianças no momento

 O apogeu do movimento operário durante a República Velha ocorreu entre 1917 e 1919. Uma greve iniciada numa fábrica têxtil em São Paulo acabou se alastrando a outras fábricas. Em uma das manifestações, o confronto com a polícia provocou a morte de um sapateiro anarquista espanhol, José Inegues Martinez (9 de julho). Ele foi a primeira vítima faltal e acabou se tornando o símbolo da primeira greve geral de trabalhadores do país, que, é importante lembrar, teve sua origem na Mooca.


 José Inegues Martinez

A industrialização fez surgir no Brasil um novo perfil social: O operário fabril. O movimento operário começou a surgir ainda no final do século XIX, mas foi com a industrialização provocada pela Primeira Guerra Mundial em nosso país que ele rapidamente se transformou em uma das principais forças políticas de sua época. Ele já em 1917 pode ser visto como um dos maiores movimentos operários do mundo.
Nas primeiras décadas do século XX o Brasil aumentou suas exportações. Em decorrência especialmente da Primeira Grande Guerra Mundial, o país passou a exportar grande parte dos alimentos produzidos para os países da Tríplice Entente. A partir de 1915 a ocorrência dessas exportações afetou o abastecimento interno de alimentos, causando elevação dos preços da pequena quantidade de produtos disponíveis no mercado. Embora o salário subisse, o custo de vida aumentava de forma desproporcional, deixando os trabalhadores em más condições para sustentar suas famílias e fazendo com que as crianças precisassem trabalhar para complementar as rendas domésticas.
A questão é como este movimento cresceu tão rápido e se fortaleceu tanto apesar de uma industrialização recente e incipiente. A resposta pode ser encontrada no violento regime de trabalho imposto aos operários na época, comparável somente ao do início da industrialização inglesa cem anos antes. Além disso, temos que nos lembrar que a maioria dos operários eram imigrantes italianos e espanhóis com um histórico de organização política anterior. Eram estes, na sua maior parte, anarquistas.
A Greve Geral de 1917 marcou um dos momentos em que a força do movimento operário anarquista se demonstrou. Nunca na história deste país uma greve geral provocou um impacto tão grande. Apesar de limitada às regiões industrializadas, nos locais em que se efetivou, teve um impressionante grau de adesão por parte da sociedade. A resposta do Estado, controlado pelas elites, também foi impressionante. A legislação culpava de crime a ação anarquista. Estrangeiros envolvidos com a ideologia eram extraditados. Brasileiros eram presos e em ambos os casos eram comumente humilhados em público.
Entre as poucas leis aprovadas, estavam a que regulava a indenização por acidente de trabalho (1919) e a que previa quinze dias de férias anuais (1926). Mas a jornada de 8 horas, a grande reivindicação dos trabalhadores, só foi instituída por lei em 1930. 

Atividade 

Em 1917, ocorreu a primeira grande greve de trabalhadores do Brasil. Dela participaram operários de várias indústrias de São Paulo, que contaram com a solidariedade de trabalhadores de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Eles reivindicaram: aumento salarial de 33%; proibição do trabalho para menores de 14 anos; abolição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos; jornada de oito horas; respeito ao direito de associação; congelamento dos preços dos alimentos e redução de 50% nos aluguéis. As manifestações operárias foram violentamente reprimidas pelos soldados, que cumprindo ordens do governo, provocaram ferimentos e mortes. Diante disso, os trabalhadores redigiram o seguinte manifesto:

“Soldados! Não deveis perseguir os vossos irmãos de miséria. Vós também sois grande massa popular, e se hoje vestis a farda, voltareis a ser amanhã os camponeses que cultivavam a terra, ou os operários explorados das fábricas e oficinas.
A fome reina em nossos lares, e os nossos filhos nos pedem pão! Os perniciosos patrões contam, para sufocar as nossas reclamações, com as armas de que vos armaram, ó soldados!
Essas armas eles vo-las deram para garantir o seu direito de esfomear o povo.
[...]
Sair como cangaceiro para a rua, baixando o facão e disparando tiros sobre um povo que se ergue, consciente, protestando contra a fome, é indigno e vil, e é a este papel que agora vos querem forçar os governantes.
Resta à vossa consciência responder.
O que ides fazer?”

  1. Descreva as condições dos operários na Primeira República.
  2. Identifique as principais reivindicações dos trabalhadores.
  3. Analise como o governo resolvia a questão social na Primeira República.
  4. Aponte a intenção dos grevistas ao escrever esse manifesto.
  5. Sintetize os argumentos utilizados pelos operários para convencer os soldados a não derramarem o sangue dos operários.

Um comentário:

  1. Olá, profª Janyna,

    Sou professor de história e estou montando um material sobre a greve geral de 1917. Interessante essa sua postagem. Gostaria de saber a fonte das imagens, na esperança de encontrar outras. Essa da manifestação com a presença de crianças é potentíssima.
    Parabéns pelo blog.
    Abraço!

    Joaquim
    novais.juca@gmail.com

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