Em
meio às suspeitas de corrupção durante o Governo JK (em especial na
construção de Brasília), com amplo apoio dos estratos médios urbanos e
da UDN e utilizando-se de expediente evidentemente populista Jânio
Quadros é eleito presidente em 1960 com a maior votação até então
registrada no Brasil, mais de 5,5 milhões de votos, representando 48% do
total dos votos.
Com
um discurso altamente paternalista e populista, Jânio costumava andar
com suas roupas propositadamente amassadas e não suficiente, carregar
sanduíche de mortadela nos bolsos. Ao mesmo tempo fazia o possível para
reforçar a imagem de um político honesto, utilizando como símbolo de
sua campanha uma vassoura, acompanhado do jingle:
Varre, varre, varre, varre, vassourinha.
Varre, varre a bandalheira,
Que o povo já está cansado
De sofrer desta maneira.
O
governo Jânio Quadros durou apenas 7 meses e é marcado por medidas que
variavam de insignificantes, extravagantes e desconcertantes,
engendrando uma forte oposição interna, fruto, sobretudo, de uma rápida
radicalização no sentido de uma política externa independente.
Em
termos econômicos, assumindo o governo em um momento onde a inflação o
custo de vida e a divida externa estava altos, o governo de Jânio
Quadros adota as orientações do FMI e se destaca por uma política de
contenção de gastos e austeridade fiscal, com cortes nos gastos
públicos, “arrocho” salarial, combate a inflação e aumento da taxa de
juros. Medidas extremamente desagradáveis, colocando o país em recessão
econômica, o que rapidamente acaba com a sua popularidade.
Por
outro lado, Jânio Quadros criou Comissões de Sindicâncias para
investigar a corrupção durante o governo JK, o que evidentemente
contrariava inúmeros parlamentares envolvidos em desvios volumosos de
dinheiro público.
Simultaneamente,
em termos de política externa, Jânio Quadros adotou muito rapidamente
uma radicalização de seus discursos, assumindo uma Política Externa
Independente, recusando o alinhamento automático com os Estados Unidos, e
restabelecendo relações diplomáticas com a União Soviética e com a
China – mesmo sendo anticomunista – declarando-se, ainda, abertamente
contra a invasão de Cuba pelos Estados Unidos e dando apoio aos países
africanos na luta pela independência frente a Portugal.
Não suficiente Jânio Quadros utilizava-se de factóides
e singulares proibições, como no caso do uso de biquinis em concursos
de beleza, as rinhas de galo, o lança-perfume em bailes de carnaval e o
carteado. Contudo, seu ato mais ousado foi a condecoração do misnistro
e ex-gerilheiro Ernesto Che Guevara com a Grã Cruz da Ordem Nacional
do Cruzeiro do Sul.
Tal
medida descontentou grande parte dos setores militares e
conservadores. A partir deste momento a UDN e, em especial, Carlos
Lacerda se colocam publicamente em rede de televisão contra o governo
de Jânio Quadros acusando-o de conspiração comunista e de planejar
instaurar uma ditadura no Brasil.
Com
uma frágil sustentação política, sem o apoio da UDN, desconcertando os
setores militares e a tradicional submissão aos Estados Unidos,
desagradando a direita e os setores conservadores com sua aproximação em
relação aos países socialistas, combatendo os partidos de esquerdas e
declarando-se anticomunista, e, não obstante, desagradando a população
em geral com medidas factóides e com a desvalorização dos salários,
Jânio Quadros cada vez mais carecia de estabilidade e apoio que
sustentassem suas perípecias e ousadia política. Frente ao ataque
explicito de Lacerda, Jânio Quadros surpreende a todos e no dia 25 de
agosto de 1961 renuncia a presidência da República, deixando uma carta
para ser entrege ao Congresso; pedido esse que imediatamente foi aceito.
Especula-se,
por uma lado, que Quadros escreveu a carta em um momento de incerteza
acreditando que não seria entregue. Diz-se ainda, que na verdade,
tentava utilizar o seu apoio popular para aumentar seus poderes junto ao
Congresso, neste caso, acreditaria que assim que anunciasse sua
renúncia, o povo sairia às ruas exigindo sua volta ao poder (tentativa
de um golpe de estado). Neste caso, talvez se lembrasse da comoção que
acompanhou a morte de Vargas; seja como for, a população não saiu às
ruas, e o Congresso prontamente aceitou a renúncia e Janio Quadros
iniciaria um longo período de ostracismo político.
Repare
que na cartoon abaixo temos ao mesmo tempo uma referência aos
problemas que o Brasil enfrentava no momento em que Jânio Quadros
assumiu o poder, em especial todas as suspeitas de fraudes e a grande
corrupção que envolveu a construção de Brasília. A vassoua é a grande
marca da campanha de Jânio, que prometia sanear as finanças nacionais, o
que até tentou, mas com medidas extremamente desagradáveis, como, por
exemplo, o "arroucho salarial".
A cartoon faz referência ao caráter populista de Jânio Quadros, uma das suas estratégias utilizadas para conseguir se eleger presidente em 1960.
UMA IDÉIA
Leandro - É muita sujeira, seu Jânio! São Cordilheiras!
Jânio - Com a industrialização de todo esse lixo quem sabe seu Leandro, se não salvaremos as finanças nacionais?!
THÉO. Careta, ano 52, 1960
Leandro - É muita sujeira, seu Jânio! São Cordilheiras!
Jânio - Com a industrialização de todo esse lixo quem sabe seu Leandro, se não salvaremos as finanças nacionais?!
THÉO. Careta, ano 52, 1960
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