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domingo, 15 de abril de 2012

Analisando o processo revolucionário russo

A dualidade de poderes
 
Com a abdicação do czar (março de 1917), estabeleceu-se uma aliança entre o governo provisório, de caráter liberal e controlado pela burguesia, e o soviete de Petrogrado, eleito pelos operários e soldados. Esse soviete permaneceria, num primeiro momento, como um órgão à parte do governo que fiscalizaria sua atuação. Nesse período de agitações políticas, formou-se uma expressiva rede de sovietes, associada a outras instituições populares, como sindicatos, assembléias, etc.
A princípio, os setores populares representados nos sovietes tiveram ilusões quanto à aliança com os liberais. Mas, em curto prazo, o governo de alianças acabou cedendo lugar a uma situação de dualidade de poderes. De um lado estava o Governo Provisório, cujas decisões não correspondiam às aspirações populares, e de outro o soviete, detentor de uma representação local mais direta e efetiva.
Uma das mais fortes discordâncias entre o Governo Provisório era em relação à guerra em andamento, na qual o exército russo sofria pesadas baixas com mortes e deserções. Enquanto o Governo Provisório pretendia continuar a guerra "até a vitória final", o soviete de Petrogrado encaminhava uma proposta de paz.
Além disso, operário reivindicavam uma legislação trabalhista e a gestão das empresas, camponeses clamavam por uma reforma agrária e grande parte da nação exigia a convocação de uma Assembléia Constituinte, que os governantes insistiam em adiar até o término da guerra.
Em abril, Lênin apresentou ao Partido Bolchevique suas propostas, as chamadas Teses de Abril. Nelas, ele propunha a paz imediata; a dissolução do Governo Provisório e "todo poder aos sovietes"; a supressão da polícia, do exército e do conjunto de funcionários do Estado; o confisco das grandes propriedades rurais e a nacionalização da terra; a criação de um banco nacional único; o controle da produção social e da distribuião dos produtos pelos sovietes. Em julho, vários levantes puseram em xeque a autoridade do Governo Provisório, que aproveitou o fato para pôr o Partido Bolchevique na ilegalidade e prender vários líderes. Para não ser preso, Lênin se refugiou na Finlândia.
De março a outubro, a Rússia assistiu a sucessivas mobilizações populares em defesa da paz e da mudanças políticas e econômicas profundas, que se refletiram no fortalecimento dos partidos revolucionários.
O agravamento da crise em setembro e outubro criou condições para que as palavras de ordem bolcheviques "Paz, Pão e Terra" encontrassem respaldo entre a grande maioria da população.
Em outubro, Lênin, de volta do exílio na Finlândia, propôs o desencadeamento imediato da insurreição para derrubar o Governo Provisório, numa reunião do Comitê Central do Partido Bolchevique.
As bases bolcheviques, sob a liderança de Lênin e Trotsky, colocaram em marcha a insurreição. A criação do Comitê Militar Revolucionário do Soviete de Petrogrado e a preparação da Guarda Vermelha para debelar os contrarrevolucionários concorreram para que os insurretos tomassem o poder em nome dos sovietes, em 25 de outubro de 1917 (7 de novembro no nosso calendário).

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