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terça-feira, 27 de março de 2012

Os primeiros tempos da República no Brasil

 POLITICAMENTE FALANDO...

Com a proclamação da República, em 1889, inaugurou-se um novo período na história política do Brasil: o poder político passou a ser controlado pelas oligarquias rurais, principalmente as oligarquias cafeeiras. Entretanto, o controle político exercido pelas oligarquias não aconteceu logo em seguida à proclamação da República – os dois primeiros governos (1889-1894) corresponderam à chamada República da Espada, ou seja, o Brasil esteve sob o comando do exército. Marechal Deodoro da Fonseca liderou o país durante o Governo Provisório (1889-1891). Após a saída de Deodoro, o Marechal Floriano Peixoto esteve à frente do governo brasileiro até 1894. 
No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principalmente a oligarquia cafeeira paulista, estavam articulando para assumir o poder e controlar a República. Os paulistas apoiaram Floriano Peixoto. Dessa aliança surgiu o candidato eleito nas eleições de março de 1894, Prudente de Morais, filiado ao Partido Republicano Paulista (PRP). A partir de então, o poder político brasileiro ficou restrito às oligarquias agrárias paulista e mineira, de 1894 a 1930, período conhecido como República Oligárquica. Assim, o domínio político presidencial durante esse intervalo de tempo prevaleceu entre São Paulo e Minas Gerais, efetivando a política do café-com-leite.

 
Prudente de Morais


Damos o nome de política café-com-leite ao arranjo político que vigorou no período da história do Brasil conhecido como República Velha. O mesmo se baseou em uma espécie de acordo entre as oligarquias das províncias de São Paulo e Minas Gerais e o governo federal no sentido de controlar o processo sucessório, para que somente políticos paulistas e mineiros fossem eleitos à presidência.
Isso foi possível pelo fato de Minas Gerais ter sido a província mais populosa na época, e, conseqüentemente, ter a maior representação na Câmara dos Deputados. São Paulo vinha logo atrás. Além disso, estas eram as duas províncias mais ricas do Brasil. O nome “café-com-leite” deriva das principais atividades econômicas praticadas nas mesmas: São Paulo era o maior produtor de café e Minas Gerais era um grande produtor de leite.
Do ponto de vista formal, o desenvolvimento de uma “república oligárquica” está cercado por uma curiosa contradição. Afinal de contas, como um regime marcado pela distribuição dos poderes e mecanismos de representação poderia conviver com o controle político de uma minoria? Para responder a questão devemos analisar bem as características gerais que traçaram o nascimento de nossa república.
Em um primeiro aspecto, observamos que a exigência da alfabetização e o voto aberto foram dois elementos que facilitaram em muito a fraude eleitoral nessa época. Com isso, os grandes proprietários de terra tinham condições para determinar o resultado final das eleições. Não raro, observamos que as elites agrícolas garantiam a eleição de seus aliados por meio de ameaças, a concessão de favores políticos ou a própria alteração do resultado de nossas eleições.
Durante o governo do presidente Campo Sales (1898-1902), a República Oligárquica efetivou o que marcou fundamentalmente a Primeira República: a chamada política dos governadores, que se baseava nos acordos e alianças entre o presidente da República e os governadores de estado. Estes sempre apoiariam os candidatos fiéis ao governo federal; em troca, o governo federal nunca interferiria nas eleições locais (estaduais).

Observação - Os candidatos que não fizessem parte dessa política seriam "degolados", ou seja, não seriam reconhecidos como vitoriosos. 

 
A política dos governadores foi o principal instrumento político que manteve no poder local (estados) e central (Brasil) as oligarquias rurais

Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candidatos à presidência da República do governo federal pelos governadores dos estados? Esse apoio ficou conhecido como coronelismo: o título de coronel surgiu no período imperial, mas com a proclamação da República os coronéis continuaram com o prestígio social, político e econômico que exerciam nas vizinhanças das localidades de suas propriedades rurais. Eles eram os chefes políticos locais e exerciam o mandonismo sobre a população.
Os coronéis sempre exerceram a política de troca de favores, mantinham sob sua proteção uma enorme quantidade de afilhados políticos, em troca de obediência rígida. Geralmente, sob a tutela dos coronéis, os afilhados eram as principais articulações políticas. Nas áreas próximas à sua propriedade rural, o coronel controlava todos os votos eleitorais a seu favor (esses locais ficaram conhecidos como “currais eleitorais”).
Nos momentos de eleições, todos os afilhados (dependentes) dos coronéis votavam no candidato que o seu padrinho (coronel) apoiava. Esse controle dos votos políticos ficou conhecido como voto de cabresto, presente durante toda a Primeira República, e foi o que manteve as oligarquias rurais no poder.

Fonte: Brasil Escola

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